só para iniciados. crises e cricris. neologismos e estrangeirismos. veneninho de canto de boca. xujo, malvado, bronco e de grande coração! escrevam também, email ali embaixo, à esquerda. enjoy!
Chegou, sorriu, venceu depois chorou Então fui eu quem consolou sua tristeza Na certeza de que o amor tem dessas fases más Que é bom para fazer as pazes, mas Depois fui eu quem dele precisou E ele então me socorreu E o nosso amor mostrou que veio pra ficar Mais uma vez por toda a vida Bom é mesmo amar em paz Brigas nunca mais
("Brigas Nunca Mais", Antonio Carlos Jobim & Vinicius de Moraes, 1959)
totalmente demais adoro graffiti esses são em londres, em sua maioria a capa do Think Tank, do Blur, traz um trabalho deles (a garota no escafandro) enjoy
Somente me interessam Contanto que me deixem meu licor de genipapo O papo Das noites de São João
Somente me interessam Contanto que me deixem meu cabelo belo Meu cabelo belo Como a juba de um leão
Contanto que me deixem Ficar na minha Contanto que me deixem Ficar com minha vida na mão Minha vida na mão Minha vida
A cultura, a civilização Elas que se danem Ou não
Eu gosto mesmo É de comer com coentro Eu gosto mesmo É de ficar por dentro Como eu estive algum tempo Na barriga de Claudina Uma velha baiana Cem por cento (gilberto gil, 1969)
e eu, mais tropicalista do que nunca. pois essas letras não têm muito a ver??? eu penso que sim. eu me acho (e sei que sou) uma pessoa extremamente eclética. hahahaha
show dos mutantes + tom zé + nação zumbi logo mais, ali no parque da independência... ... ??? onde fica? eu também não ligava muito as coisas... é o parque ali em frente ao museu do ipiranga, prédio imponente, amarelo, aquela coisa toda... acho legal mas nem babo (tanto) o ovo pra essa volta dos mutantes, dei uma ouvida e tal, vale pra lembrar de todas aquelas músicas demaissssss... e vale pelo tom zé, né?? e pela paisagem toda, a multidão etc etc. vamos? são paulo calma e em clima de feriado, aniversário... ... aniversário??? agora que me dei conta: aniversário de são paulo!!!! não sei se dá pra esperar essa 'calma' toda na cidade... anyway... i'll tell you later.
(trilha sonora do post da madrugada: the whitest boy alive, suecos que moram em berlim e que também são dj's... eram dj's! bom, bom!!! dica da bibi. né, b i b i?)
Ok, ok, de certa forma eu consigo respeitar um lado do Paulo Coelho - o lado "compositor", quando o mago escrevia letras místicas (misticismo de boteco, nesse caso, vale a inspiração) com Rita Lee ou mesmo Raul Seixas. E, dando continuidade à minha fase "Rita Lee era bem legal nos anos 70", lá vai mais uma. Prestem atenção no "toque".
O toque Rita Lee - Paulo Coelho Abri a janela Um som diferente entrou Meus olhos mudaram, eu sei Ou foi o sol que mudou, babe
O som das nuvens A conversa do vento A voz dos astros A história do tempo
O som das estrelas A música do luar Contando em segredo, eu sei Contando todo o meu medo, babe,
O som das flores O murmúrio do céu Me deram um toque Quem tem ouvidos que ouça
Você é uma criança do universo E tem tanto o direito de estar aqui Quanto as árvores e as estrelas Mesmo que isto não esteja claro para você Não há dúvidas Que o universo segue o rumo Que todos nós escolhemos
Essa é do disco "Fruto Proibido", 1975, Rita e a banda Tutti-Fruti. Bom demais.
huuummm provável receita pro domingão de amanhã. tomara que saia sol. almoço com trilha sonora para a preparação. veja só
Macarrão com linguiça e pimentão Rita Lee - Arnaldo Baptista
Meia xícara de chá de azeite Duzentas (sic) gramas de lingüiça calabresa, ah Uma cebola picadinha E um pouco de salsinha Quatro tomates batidos no liquidificador Dois pimentões vermelhos Duas colheres de sopa de massa de tomate Um tablete de caldo de carne em banho-maria
Maria Em fogo brando, uh Maria E está pronto para servir
O macarrão é caracol Pouco sal e bem enroladinho Não se esquecendo do caldo de carne Em banho-maria Maria Em fogo brando, uh Maria E está pronto pra você!
apetitoso!!! pura sustança. um vinho tinto pra acompanhar. e pão francês. essa tá no disco "Build Up", o primeiro solo dela, doida, linda. demais.
Ontem foi Dia de Reis. Ou é hoje? Me confundo... Só sei que demorô pra tacar de volta nas caixas empoeiradas todos os teus enfeites de Natal!!! Todos! Guirlandas árvores_as muito grandes podem ir para o lixo, ok?_bolas anjos presépios manjedouras velas e enfeites. Ándale! Chega de estrelas e pinheiros.
ah, e sempre o jorge ben, também... "chove chuvaaaaa, chove sem paraaaaaaaaar..." grey sky in gotham city... faz tempo já... o bom é que a cidade tá vazia e calma, e a chuva faz menos gente sair à rua tb... tipo, a cidade é toda minha. e de quem mais quiser. música é fundamental. ao menos pra mim. então tem tocado também the killers novo, p j harvey, amon tobin, cesaria évora, iggy pop, tetine, michael jackson, beck novo, maria bethânia, caetano, beatles... no dvd_a pantera cor-de-rosa, austin powers, la dolce vita, e o vento levou... de novo!!! na cabeceira_kerouac, rubem fonseca e lewis carroll. vou ali fazer um risoto. eia!
...e meu novo ano ('o primeiro ano do resto de minha vida') começa ao som de... mister Gill Scott-Heron!!!!!!!!! muy bien, muy bien. ándale andale andale!!!!! feliz 2007 pra vocês. e pra mim. eia!!!
dizem... que 33 palitos de fósforo é o número perfeito pra caixinha fazer um bom samba; que apontar o dedo pra estrela faz com que uma verruga cresça na ponta dele; que olhar pra luz quando você quer espirrar faz com que o espirro venha; que não é lá muito bacana passar por baixo de escadas; que são paulo tem mais ratos que pessoas; que o caetano veloso é reprimido sexualmente; que o gianechinni na verdade namorava o enteado; que o roberto carlos (e até o silvio santos) têm uma perna-de-pau; que a vingança é um prato que se come cru; e frio; que passar o pão amanhecido direto no fogo pode causar câncer; que... (continua)
se tudo pode acontecer se pode acontecer qualquer coisa um deserto florescer uma nuvem cheia não chover pode alguém aparecer e acontecer de ser você um cometa vir ao chão um relâmpago na escuridão e a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira eu quero que esse momento dure a vida inteira e além da vida ainda de manhã no outro dia se for eu e você se assim acontecer música da semana, desta e da passada. ouvi no show do arnaldo antunes, ontem. mas a calcanhotto também gravou, graça. e... já que, então, tudo pode acontecer... eu torço pelo melhor. no caminho do bem. ié ié.
Elegia Deixe que minha mão errante Adentre atrás, na frente, Em cima, embaixo, entre Minha América Minha terra a vista Reino de paz se um homem Só a conquista Minha mina preciosa Meu império, feliz De quem penetre o teu mistério Liberto-me ficando teu escravo Onde cai minha mão Meu selo gravo Nudez total Todo prazer provém do corpo Como a alma em seu corpo Sem vestes, como encadernação vistosa Feita para iletrados A mulher se enfeita, Mas ela é um livro místico E somente a alguns a que tal graça Se consente é dado lê-la. Eu sou um que sabe.
Ontem foi 11 de setembro, né... Há 5 anos eu tava indo pra faculdade de manhã, atrasado... Eu ia pra chegar na aula depois do intervalo, por isso tava com pressa... Mas quando cheguei no metrô, ele tava fechado, não estava funcionando, algo assim; não me lembro se era uma greve, ou se era só ali na estação Santa Cecília... Só sei que voltei pra casa e, quando liguei a tv, vi pela primeira vez a imagem de um dos aviões atingindo uma torre. Chocante. Era mais ou menos 10 da manhã.
Mas ontem... Ontem o que eu vi de mais terrorista foi uma invasão de aleluias (aquelas que depois viram cupins e, se estiverem dentro da tua casa, pode começar a se despedir dos seus móveis, batentes, tacos...); aleluias que entravam dentro da minha camiseta, vinham no meu cabelo e passeavam pelas minhas orelhas. Isso tudo no ponto de ônibus, ali na Consolação. Aleluia, irmãos.
E viva o Bin Laden, que continua por aí... ou por lá, ou por aqui. Se bem que a gente tem o PCC, né. A única instituição brasileira que não tá em crise.
As 3 mulheres da semana. Charlotte Gainsbourg, Dani Siciliano, Madeleine Peyroux. As 3 com vozes 'benfazejas' e discos fresquinhos, novinhos, luzentes.
As mais pedidas (aqui em casa): Baixei ontem os discos da Charlotte Gainsbourg e o novo da Madeleine Peyroux (mas esse ainda preciso ouvir). Charlotte Gainsbourg. A filha do homem (e da mulher! Jane Birkin, também faço reverência). Os belos e fodidos se juntam, veja só: ela tinha pequenas participações em discos de outras pessoas (Madonna, Etienne Daho, Badly Drawn Boy). Aí então resolveu gravar o seu próprio, e tem ninguém menos que Nigel Godrich produzindo (o fodão, o "deus"_segundo o Air_ que já produziu vários do Radiohead, e do Beck, do Air, do Paul Macca); Jarvis Cocker, cool como ele só, saído das profundezas da sua nova vida em Paris, pós-Pulp; a dupla do Air, dos quais sou muito muito fã, e são eles a maior razão pra eu baixar esse disco assim que eu soube da existência; e o pai do nosso amigo Beck, David alguma coisa, fazendo os arranjos de cordas. Várias músicas tem a cara do Air (mas a voz pequena, suave, de sotaque inglês perfeito-demais_a moça é francesa e filha da Birkin, né_, faz com que pareça a mãe cantando, às vezes), e é da 'cara do Air' que eu gosto mesmo. Trabalhando, então, junto com ela, a atriz 'classe' do momento_filmou com o Gondry + Gael (The Science of Sleep)_ tá feita a mistura da boa. E, como eu disse, adoro atrizes-cantoras-francesas (elas parecem ter um pouco mais de noção do que as brasileiras, quando se metem a cantar). '5:55' é o nome do disco. E de uma das músicas (a primeira). Vai lá e pega.
Frio em Sampa Meu aniversário: semana passada. Me dei o direito de gastar mais do que podia, e esse direito ainda não acabou. Show do Tortoise, hoje: esgotado; amanhã: esgotado. Show dos Cardigans, amanhã: esgotado ou não, não devo ir. Show do Caetano com o filho, semana que vem: eles AINDA não tem informações. Mas que saco! Tem show do Franz Ferdinand também, semana que vem, pra 400 milhões de pessoas apertadas num galpão da Barra Funda. A natureza musical conspira contra a gente, esse é o fato. Frio ainda. Enquanto tento escrever estas porcarias, meus dedos quase congelam. Cinema: 'Café da manhã em Plutão' e 'O Tempo que resta'. Livro: 'Uma casa no fim do mundo', do Michael Cunningham. Disco: 'Índia', da Gal (com aquela capa tudo) e vários do Bob Dylan, Nico, Lou Reed, Stooges, Stereolab, Van Morrison, todos emprestados e devidamente ouvidos à exaustão, todos os dias. O 'novo folk' me pegou também (ai, essas modinhas...): estou com raiva porque o Devendra não vai tocar em SP durante o Tim; não fui no show das Cocorosie por falta de grana; o Antony & The Johnsons vai me cativando aos poucos; o amigo C. me mostrou o tal do Beirut e achei bem interessante. Frio em SP. Feriado chegando; vou ou não vou pra Avaré?! No mais: trabalho novo, frio (!!!), costeletas quase Wolverine e umas aulas de Inglês. Esperança. Feeling the good vibrations (and trying to keep them!). As mesmas mesmices aqui no blog (eu não desisto). Orkut (me traí e voltei). Vinho. Moussaka. Moqueca. New 'friends' (que venham mais!). E tudo mais. É isso aí.
a aula de filologia de ontem tava tããããão interessante (o professor é meio devagar, isso não ajuda) que eu fiquei é copiando as quadras do Pessoa, no retro-projetor. ele as escrevia em guardanapos de restaurante, daqueles de papel. e, postumamente, publicaram.
Tens um livro que não lês Tens uma flor que desfolhas Tens um coração aos pés E para ele não olhas.
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Levas uma rosa ao peito E tens um andar que é teu... Antes tivesse o geito De amar alguém, que sou eu.
Às vezes eu fico pensando nesse mundo violento e chego à seguinte dúvida (recorrente): o mundo sempre foi, de certa forma, um lugar cheio de violência. As pessoas sempre guerrearam, se mataram, bateram, agrediram de diversas formas, lutaram etc. Claro que hoje, "anos 2000", a coisa alucinante que é o desenvolvimento tecnológico e todos os aspectos da nossa vida que são modificados por ele (muitíssimas coisas modificadas 'pra melhor') devia ser acompanhada de mais civilidade, mais Paz, mais entendimento e, seguramente, de mais evolução. Evolução mesmo, do ser humano e das relações entre as pessoas consigo mesmas e com todo o planeta (Natureza, universo, animais, vegetais, ar, energia), enfim: a relação do homem com seu interior e com o mundo; a ordem não altera os fatores. Tem gente que diz que as coisas estão correndo em seu ritmo normal. Que o mundo está em certo 'equilíbrio', apesar de tudo (e é mesmo muita coisa ruim, a tevê e os jornais estão aí pra deixar isso bem presente). E tem gente que acha que esses que falam que o mundo evolui, apesar dos problemas, são um bando de egoístas tapados. Ou coisa pior. Bom. Comecemos assim, então: olhemos pra dentro, paremos pra pensar com frequência (PENSAR de verdade), meditemos quanto ao básico: a vida, a existência, o universo. Podemos até chamar de Deus. Em seu sentido mais amplo e original. Gosto de pensar que Deus somos Nós. E vice-versa. De tentar olhar pra dentro e me deixar entender/viver a imensidão de sensações que há ao me perceber aqui, neste mundo, neste corpinho, pequenininho mas PARTE de tudo isso. Eu você e todos nós. Claro que muitas vezes a gente esquece de meditar. De filosofar. Pra mim isso faz parte da natureza humana e deve ser trabalhado: filosofar é necessário. E não falo de ficar viajando na maionese sem chegar a lugar algum. Se as pessoas 'sentissem' mais o mundo seria menos violento. Já que, afinal, a 'razão' é deixada de lado nessas guerras, e aí... O que sobra? Cometer um ato de violência contra alguém é desrespeitar a si mesmo, regra básica. E não leva a nada melhor que a situação anterior. Mas... nessas horas o que resta é nos encarar como animais que somos, mesmo. Um lado irracional, raivoso, que leva o animal-humano a gostar tanto de um míssel, de ter armas, de ter (muito) mais que o outro, de ser infeliz... Esse papo é perigoso porque faz a gente se sentir fútil, superficial, de certa forma. Mas a intenção é boa, há de ser, sempre. Tudo é energia, afinal. Boas 'vibrações', pensamento positivo, ver o lado bom de cada coisa (sempre há), tenho certeza/sinto que ajuda. Sempre. Me ajuda, pra começar. Tenho certeza que a partir disso já vou ajudar o 'todo'.
acabei de ler no site da Folha que o seriado Chaves ("El Chavo del Ocho", no original mexicano) vai virar uma animação com 'pré-estréia' prevista para um festival na França, seguida pelo início da transmissão no México. você gosta de Chaplin? gosta dos filmes do Jacques Tatit? daqueles seriados 'pastelão' feitos em preto-e-branco, tipo 'Os Três Patetas', coisas dos irmãos Marx etc etc etc??? Pois então eu tenho certeza de que você gosta, também, de Chaves. o seriado é demaaaaaaaaaaaais. Chaves é o máximo. e pra nós, latino-americanos, tem todo um 'sabor' de ver e rir, toda uma identificação especial. viva El Chavo! e, claro, viva seu Madruga!
hanif kureishi, 'intimidade' whisky, 'cutty sark' bar, 'all of jazz' (com direito a banda ao vivo, com negona e vozeirão) viagem pra avaré cerveza (e eu não achava que um dia tomaria cerveja 'sempre') celular novo (só o aparelho) e cuecas novas... aniversário chegando inferno astral (?) jane austen & 'mr fitzwilliam darcy' mais jazz e música eletrônica coisas engraçadas no youtube e muita comida boa (fiiiiiiiinally!!!) y la gente, toda la gente... mucha gente, poca gente, pero la... gente! um pouco dos meus últimos dias pra todos vocês. bacci & abbracci.
a banda que acompanha o serginho groismann no altas horas é chata. a banda do jô soares, apesar de já ter sido boazinha, é chaaaaaaaaata. mas... nada pior que a banda que acompanha o david letterman!!!! chaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaata!!! não dá pra 'entender' o som deles, sabe??? parece um monte de gente louca tocando qualquer coisa, tudo-ao-mesmo-tempo-agora. saudades é da banda que acompanhava o siiiiiiiiiiiiiiiilvio santos, a do maestro zezinho (??). que caçulinha que nada! eu quero é big band à la seventies + teclados. mas não tudo ao mesmo tempo agora, please. aff.
isso foi escrito há mais de ano. foi uma tentativa de começar a escrever algo baseado (apenas baseado) em minhas experiências e que, de alguma forma, pudesse vir a ser um conto, uma estória... não foi, porque tudo sempre muda. (claro que está verborrágico, repetitivo, clichê. mas isso não me incomoda. porque as coisas são, mesmo, assim. martelam, sempre. o ideal na literatura é nos tirar dessa realidade, dessa 'normalidade'. não foi o que fiz, prossigamos)
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Ahora
Um homem louco. Transformara-se nisto, num homem louco. Lembrava de ter ido à casa de uma amiga, ali por perto, muito mais vezes do que na realidade lá estivera (duas ou três, no máximo). Era difícil se concentrar em números e vezes, como o número de vezes que estivera na casa da amiga, ali perto. Pensava ser isto uma consequência do uso desenfreado de entorpecentes, mas ao mesmo tempo levava em consideração a tristeza constante com que havia convivido até então (e homem nenhum resiste intacto a grandes períodos de tristeza). A consciência da loucura viera há pouco, de maneira desenfreada e abrupta. Paralisou parte de seu corpo (indefinível qual) e transformou definitivamente parte de sua consciência e percepção da realidade (para sempre). Sentia que era irrevogável. E sentia o peso do tempo (segundos, minutos, horas... e seus pesados círculos que, derrubados, tombam pelo ar), com total consciência da loucura mas sem meios de lutar: paciência. Já ouvira milhares de vezes que o verdadeiro louco não teme a loucura, que sequer sabe quando ela está chegando. Mas ele sempre soubera. Sempre sentira que um dia ficaria louco, um dia como esse, pelo qual estava passando. Um dia que não acabava nunca. Pela manhã acordara com uma pesada e estranha dor de cabeça. Era uma dor num local bizarro do crânio, mais especificamente em cima da cabeça, exatamente em cima. Era como se uma broca tentasse ultrapassar a barreira de cabelos, couro e osso, almejando chegar no meio do cérebro, exatamente no meio. Era uma dor inenarrável, mas que para ele deixava claro que a loucura chegara; finalmente (pois era um alívio, dado que desde recordava já sabia que ela viria, uma hora ou outra). Não tinha mais fome. Há três dias não comia e continuava sem fome. Pensar em comida lhe causava náuseas, lhe aumentava a intensidade da bizarra dor na cabeça. Continuava ingerindo líquidos, gelados de preferência, mas a água, substância divina da qual bebia copos e copos todos os dias, lhe estava provocando irritantes soluços. Há três dias (setenta e duas horas). Os cigarros também estavam a ponto de ser abolidos de sua já esquálida dieta. Também causavam-lhe náuseas, soluços e tanto o cheiro quanto o gosto haviam se tornado insuportáveis. Qualquer fosse a marca, o filtro, o preço. Que vida havia de ser essa, ora pois? Ficava difícil encontrar um lugarzinho qualquer para encaixar qualquer rastro de felicidade. A loucura estava ocupando todos os buracos. Parecia que ela ia poupar somente a consciência, para lhe deixar bem claro que um estado insano tomara conta de tudo, de tudo. Relembrar alguns pensamentos que no passado já faziam com que pensasse se aquilo era de fato um começo de loucura pode ajudar na total descrição – e total conhecimento – deste homem, de interessantíssima personalidade, causadora de infindáveis questionamentos. Pensava assim de si mesmo e de seus atos de loucura, o homem. Não costumava lembrar-se bem de seus sonhos. Por vezes sequer lembrava de qualquer um deles, ao acordar. Mas quando os pesadelos e delírios noturnos lhe martelavam a cabeça durante a manhã, era porque lembrava-se de acontecimentos com pessoas que conhecia, durante os sonhos, e temia que algum transtorno surreal pudesse ter caráter premonitório na realidade, sua realidade. O mundo em que vivemos, aqui, hoje, agora. As fortes impressões que lhe acometiam sempre, como que eternamente, mas respingadas ao longo dos anos, não lhe saíam da memória nunca, pensava. E tornavam-no um homem impressionável, abalado por fendas que para sempre marcariam seu passado, fazendo dele uma régua, reta, marcada. Uma fita métrica, estirada no chão. Impressionara-se muito com as mortes que lhe chegaram perto, como a da irmã. E ao mesmo tempo impressionava-se com frases ou imagens, relacionadas a sexo e obscenidades, mas que de maneira igual lhe marcavam o passado. Era uma impressão que de certa forma ia de encontro a costumes, morais, parâmetros e critérios e paradigmas enraizados no peito, naquele ponto central do peito onde se aloja a culpa dos cristãos. O protestantismo branco da província (...)
anotem pra ouvir, anotem e OUÇAM mesmo, principalmente aqueles que têm banda larga e tempo sobrando (eu, exemplo básico): Camille, 'Le Fil' (algo Bjork, e mais acessível... bonito_mas pode causar estranheza); Jamie Lidell, 'Multiply' (dj, inglês e branco. mas parece um soulman americano e romântico); Benjamin Biolay & Chiara Mastroianni, 'Home' (ela mesmo, a filha do Marcello e da Deneuve; num disco com o marido, cheio de violões e sussuros, 'folk francês'); Devendra Banhart, 'Niño Rojo' (o Devendra pode não impressionar de cara, mas... ouvir um disco é ouvi-lo direito... isto é: de fato OUVIR, com calma, atenção, tímpanos receptivos. outro que faz esse 'novo-folk' (?), com delicadeza e viagens de quebra). E, claro, Matthew Herbert, sempre! Outro casal, este dj + a esposa Dani Siciliano são dos mais 'queridos' dos ouvidos. eletrônica 'de vanguarda' (??) e, ainda assim, totalmente delightful! (vai ver no dicionário que tradução atraente tem essa palavra...)
e tem que ser assim mesmo, começar com a Camille, passar pelo 'folk', mais calminho, e terminar dançando leve com o Herbert. e a voz incrível da Siciliano.