só para iniciados. crises e cricris. neologismos e estrangeirismos. veneninho de canto de boca. xujo, malvado, bronco e de grande coração! escrevam também, email ali embaixo, à esquerda. enjoy!
Tudo o que for dito (escrito) a seguir sobre o filme há de sair da mente de um homem inexperiente: devo confessar que nunca me apaixonei a ponto de cometer grandes atos de bravura, então tudo o que for dito (escrito) a seguir poderá honestamente ser questionado e posto em dúvida.
Quem ama a ponto dos tais grandes atos (como entregar as vontades da própria vida ao ser amado) deve se sentir extremamente perdido e impossibilitado de ver sentido (e sentir) na vida após a perda abrupta do objeto de toda a paixão. Fica mais difícil, para mim, imaginar tal cena pelos olhos de uma mulher casada há algumas duas ou três décadas, sem filhos e que tem o marido "em altíssima conta", mais que isso na verdade: ele é o impulso primeiro que dá sentido ao fato de seu coração continuar batendo e levando consigo e com seu ritmo perfeito o transcorrer da vida.
"Sob a Areia", o filme do diretor francês François Ozon, me causou esse tipo de sensação de estranhamento - e por isso mesmo de proximidade (através da imaginação de me colocar no lugar dela, da professora de inglês, a personagem principal).
Nada de muito chocante. Esse meu texto possivelmente está um pouco "a voar" (ou dramático, talvez) por me dar a oportunidade de transcrever pensamentos que vão longe, muito longe. Longe a ponto de me fazer esquecê-los em poucos minutos, segundos talvez.
O novo namorado, a nova casa, os jantares e as aulas, nada mais fazia sentido após o desaparecimento surpresa do marido, um dia na praia, enquanto ela dormia sob o sol. Um certo tempo passa e as coisas vão acontecendo, mas sempre sem sentido algum. Às vezes causando estranhamento, noutras situações constrangedoras (dela para o novo namorado: é engraçado fazer sexo com você, o meu marido era tão mais pesado!).
Triste, mas tranqüilizante esse filme. Cheio de cores azuis, cinzas e brancas. Paris. Música discretíssima. Bons atores.
"Gotas d'água em Pedras Escaldantes" também é desse diretor, e também é muito bom. Seu próximo filme estréia no Festival de Cannes, que começa em 15 de maio... chama-se Swimming Pool.
Ah, o nome da atriz é Charlotte Rampling. E o François Ozon também dirigiu 8 Mulheres, esse menos interessante. Bonito, mas com um quê de entretenimento bizarro provavelmente adorado pelos peculiares franceses.