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13.6.02

eu fui, numa super ressaca básica (eu comecei a ter ressacas medonhas há pouco tempo, antes eu costumava me achar jovem-saudável-indestrutível, agora vira e mexe me acho um velho se acabando) eu fui no domingo fazer o tal do Provão. "Fazer" em termos.
Eu fui me apresentar naquela escola em São Bernardo, longe, muito longe, já que moro em São Paulo. E já sabia que iria entregar em branco, mas como quero receber meu diploma já no ano que vem, compareci. E o que fazer na uma hora e meia que eu teria que esperar pra entregar a 'coisa' em branco??? Hein, hein???...
Escrever um conto, claro!!! Às vezes ainda me dá vontade, aí eu sinto que não estou totalmente perdido para o mundo das letras. E ficou legal o tal do conto, sabe... Vou até colocar aqui, tanto pra encher linguiça quanto pra redimir minha angústia por quase não aparecer mais na tua casa, querido diário verde.
Lá vai, gostem.


Rufus and Fido, ou, Fido x Rufus

Rufus andava pelas ruas sempre só. Ia ao cinema, fazia suas compras e levava Fido, o cão, para passear... Sempre só. A não ser quando estava com o cão, Fido. Cães eram como pessoas para Rufus – às vezes melhores que muitas pessoas – pois são dóceis e amigos e espertos e estão sempre ao nosso lado, seguindo nossos passos, nossa sombra.
Rufus morava num quarto-sala apertado e quente, com livros espalhados pelo chão e discos arrumados em ordem alfabética, um a um, lado a lado. Havia alguns buracos entre os discos, Rufus emprestava seus cd’s sem qualquer cerimônia, contanto que fosse a amigos.
Audrey era magra, não muito alta – mais baixa que Rufus –, já cachorro de seu melhor amigo tinha belos pêlos cor de caramelo. Seu nome era Fido.
Na tarde de quarta-feira de cinzas de 1999 as lojas estavam fechadas em Dantie, as ruas mais vazias do que nunca e os cabelos longos – até o pescoço, nada exageradamente longo – de Rufus eram remexidos por Audrey – que tinha cabelos curtos como os de um soldado – com seus dedos levemente tortos.
- Me dá um cigarro e depois conta a tal novidade.
- Óquei, moça, mas não vale rir nem bocejar. Nem me interromper – enquanto Rufus falava, Fido fitava-o intensamente.
- Ontem a noite foi estranha e nova, sabe? Acordei ainda mais estranho hoje, e vou te dizer por quê: lembra do Homero, aquele dos óculos de aro roxo?
- Claro, maior gato ele – Audrey falava e ria, desobedecendo a um dos pedidos do amigo.
- Pois é, fiquei com ele. E tal, você entende...
Audrey pareceu não se espantar nem um pouco. Olhava para o amigo ainda sorrindo, mas com o canto da boca:
- Eu acho ótimo, você estava muito reprimido. E além do mais, repito, ele é maior gato.
- Só isso, vaquinha? Eu transo com um homem pela primeira vez na vida e você me diz só isso? Vai, desembucha e fala mais que eu preciso de depoimentos. Além do quê você tem uma lista de homens longa, nem faça essa cara de boba...
- Hmmm... Ele tem o pinto duro ou é tipo frapê, saca?
- É duro, é duro. Frapê é o meu – Rufus falava com deboche, enquanto Fido corria amigavelmente atrás de um vira-lata.
- Eu nunca conversei com o cara, ele pareceu ser inteligente. É mesmo?
- Muito. Você sabe que enquanto eu ficava com mulheres as burras não tinham vez. Não é agora que eu vou mudar minhas exigências... Se bem que exigir corpo sarado em homem é mais fácil... É, mulher tem direito às celulites, mas homem não.
- Boa! Boa mesmo, porque eu, por exemplo, estou com a bunda que é uma bacia hidrográfica, saca?... Ei, cadê o teu Fido?
Rufus e Audrey olharam para um lado, olharam para o outro, mas nem sinal do cão no belo Parque Municipal de Dantie, limpo e verde como sempre. Foi então que lembraram de olhar para trás, e ambos viram que Fido e Buffallo, o vira-lata de Jena, vizinha de Audrey, faziam sexo e olhavam para os donos com aquela cara típica de cachorros copulando, uma mistura de culpa com constrangimento e ingenuidade. Jena falava ao celular, de costas para todos, do outro lado do belo canteiro de cravos coloridos.



sick boy 19:27 -

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